sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A sala que nunca fecha



"Naveguei com meus desejos/e você não sabia que eu sonhava./ Escondi minha vontade,/Estive inseguro/e segurei sozinho as minhas dúvidas./ Desejei ser seu rei/ e fui réu confesso/não forcei./Acreditei que seria capaz" (Quase poema, do livro homônimo de Manuca Almeida)



Ele me pegou pela mão.

Livros, papéis. Físicas-matemáticas desenhadas no branco.

Azuis-dançantes-integrais.

Entramos em uma sala. Que nunca fecha. Nunca. Um portal?

A sala nunca fecha. Os livos nunca fecham. Silêncios davam as costas para nós.

Números e vetores explodiam emudecidos nos olhos debruçados por sobre as bancadas.

A sala nunca fecha. Nunca.

Estava fria. Eu navegava pelo computador.

- Quer café? - perguntei.


- Só um pouco - Ícaro.

Eu o admiro em suas linhas geométricas. Eu o vejo, eu respiro a sua síntese.

- Boa prova - eu disse.

Ele me sorriu. Abriu a porta, confiante. Saiu.

Mas a sala nunca fecha. Nunca. Nunca.








Stella Marina
(Foto: Stella Marina)

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