Mucuripe.
Era uma sexta-feira. Noite já. Os camarões exalavam um frescor de óleo e alho.
Dissolviam-se em nossas bocas.
E os pés dele caíram sobre os meus.
E nunca mais pararam.
Primeiro os pés. Depois pernas. Corpo e mãos. Tudo de Ícaro cai e recai sobre meu corpo. Todos os dias e todas as noites. Desde a queda dos pés.
Pelos pés, saí da terra. Viramos peixes. Oceanos de nós.
- O que acha de morar num convés? - perguntou.
- É um convite? - respondi.
E nunca mais paramos de nadar.
Stella Marina
Nenhum comentário:
Postar um comentário